domingo, 31 de maio de 2009
A INTERPRETAÇÃO DA OBRA DE ARTE
Na maior parte das situações na época moderna, a interpretação corresponde à recusa filistina de deixar em paz a obra de arte. A verdadeira arte tem a propriedade de nos deixar nervosos. Ao reduzir ao seu conteúdo para depois interpretar esse conteúdo, é o mesmo que domesticar a obra de arte. A interpretação torna a arte dócil, conformada."
"Mas, naturalmente, a arte permanece ligada aos sentidos. Assim como não se pode fazer flutuar a cor no espaço (o pintor precisa de um qualquer tipo de suporte, como a tela, ainda que neutro e sem textura) também não se pode ter uma obra de arte que não actue sobre os sentidos humanos. Mas é importante compreender que a consciência sensorial humana não tem apenas uma biologia, mas também uma história específica, com cada cultura a privilegiar a tónica em certos sentidos e inibindo outros. ( A mesma coisa vale para a gama de emoções humanas primárias). É aqui que ( entre outras coisas) entra em jogo a arte, é essa a razão por que descobrimos na arte interessante da nossa época um tal sentimento de angústia e de crise, por mais alegre, abstracta e ostensivamente neutra do ponto de vista ético que possa parecer.
Pode dizer-se que o homem ocidental tem sofrido uma anestesia maciça dos sentidos( concomitantemente do processo a que Max Weber chama «racionalização burocrática») pelo menos desde a revolução industrial,) com a arte moderna a funcionar como uma espécie de terapia de choque, confundindo e descerrando os nossos sentidos simultaneamente. "
SUSAN SONTAG
in "Contra a Interpretação e outros Ensaios."
sábado, 30 de maio de 2009
CONSIDERAÇÕES SOBRE A OBRA DE ARTE
O obejectivo da arte é revelar a arte e esconder o artista.
Quando os críticos discordam, está o artista consigo próprio."
Oscar Wilde, in O RETRATO DE DORIAN GRAY (prefácio)
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
DIA 28 DE MAIO
Os que amei, onde estão? idos, dispersos,
Arrastados no giro dos tufões,
Levados, como um sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...
E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...
Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,
Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
da comunhão ideal do eterno Bem.
ANTERO DE QUENTAL
quarta-feira, 27 de maio de 2009
MORREU O REX
INTERVALO DOLOROSO
Que fiz de mim? Nada.
se espiritualizar em Noite, se *
Estátua Interior sem contornos, Sonho Exterior sem ser-sonhado.
Bernardo Soares
segunda-feira, 25 de maio de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
RELAÇÕES DE SOLIDÃO
Arthur Schnitzler
segunda-feira, 18 de maio de 2009
RECEITA DO BOLO DE LARANJA
1 laranja inteira com casca, mas sem pevides
3 ovos
2 chávenas de açúcar
1/2 chávena de óleo becel
2 chávenas de farinha com fermento
Preparação:
Por no copo misturador poe esta ordem:
a laranja cortada aos quartos
os 3 ovos
as 2 chávenas de açúcar
e a 1/2 chávena de óleo
Deixar trabalhar o copo misturador enquanto se unta a forma
mais ou menos 3 minutos
Retirar o preparado para um recipiente e juntar-lha a farinha.
Colocar numa forma sem buraco e levar ao forno (175º), durante 25 a 30 minutos .
Decorar a gosto
domingo, 17 de maio de 2009
DREI TRÄUME
Von weiten Wäldern und dunklen Seen,
Von traurige Worte Wiederhall-
Doch konnt' ich ihren Sinn nicht verstehen.
Mich däucht, ich träumte von Sternenfall,
Von blasser Augen weinenden Flehen,
Von eines Lächelns Wiederhall-
Doch konnt' ich seinen Sinn nicht verstehen.
Wie Bläterfall, wie Sternenfall,
So sah ich mich ewig kommen und gehen,
Eines Traumes unsterblicher Wiederhall-
Doch konnt' ich seinen Sinn nicht verstehen.
Georg Trakl
TRÊS SONHOS
Vi-me num sonho de folhas caindo,
De lagos escuros num bosque perdido,
De tristes palavras ecoando-
Mas não sabia enterder-lhe o sentido.
Vi-me num sonho de estrelas caindo,
De preces chorosas num olhar ferido,
De um soriso que vinha ecoando-
Mas não sabia entender-lhe o sentido.
Como estrelas caindo, folha tombando,
Assim me via num vai-vem perdido,
Eternamente esse sonho ecoando-
Mas não sabia entender-lhe o sentido
(Georg Trakl)
(Tradução de João Barrento)
sábado, 16 de maio de 2009
PRANTO PELO DIA DE HOJE
O gesto criador ser impedido
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruido
Por troças por insídias por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias tão subtis e tão peritas
Que nem podem sequer ser bem descritas
Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 15 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
A PINTURA DE JAN VERMEER
Vermer transforma a realidade "banal" num mosaico colorido. Tudo está alinhado, não há espaços vazios indefinidos. O mundo quotidiana que à primeira vista seria um mundo banal, brilha com uma frescura inesperada.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
CANDEEIRO EM CROCHÉ-PONTO SEGREDO
CADEIRA DA CRISE 2
terça-feira, 12 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
NIETZSCHE
A vontade de sistema é uma falta de honestidade."
MANUEL DO NASCIMENTO LOPES E ADÍLIA AUGUSTA LOPES
O nome do meu blog foi escolhido a pensar no meu saudoso avô Manuel do Nascimento Lopes. As histórias que ele nos contava, as aulas de História que ele nos dava. Esta é uma delas.
Sou do Norte, mais propriamente de Moncorvo, ora Vilar Chão é uma aldeia do Concelho de Alfândega da Fé onde pelos anos 1945 havia uma donzela que jurava a pés juntos que lhe tinha aparecido Nosso senhor Jesus Cristo, a tal ponto que para provar o que dizia apareceu com as costas das mãos e testa com uns sinais vermelhos parecidos com sangue. Esta aparição estaria relacionada com um caso de saúde do qual ela fora " milagrosamente curada" tratava-se, segundo o meu avô de varíola. Esta história espalhou-se como um rastilho por aquelas aldeias e vilas e não se falava de outra coisa. O meu avô que nunca acreditou em nada disso, de sublinhar que uns anos antes em 1917 tinha supostamente aparecido em Fátima nossa senhora aos pastorinhos, o ambiente de guerra que se vivia associado a uma forte crise financeira (até parece hoje) era propício a acontecimentos desta natureza.
Ora, a donzela de Vilar Chão começou a dizer que em determinado dia nosso Senhor Jesus Cristo lhe iria aparecer, e, portanto, ela podia provar o que dizia. Gente de todo o lado acorreu a Vilar-Chão. O meu avô dizia que lá na aldeia só tinha ficado ele e a minha avó. Devo lembrar que naquela época os meios de transporte eram os animais e as pernas, pelos menos por aquelas bandas.
No dia seguinte o meu avô foi inteirar-se do que se tinha passado e para tal foi a casa da filha e do genro. Quando lá chegou estavam todos apreensivos e aborrecidos, sinal de que algo não tinha corrido bem. Milagre nada, gente demais, a tal ponto que no meio da confusão os carteiristas roubaram o relógio de bolso ao meu (futuro) tio, seu genro, portanto. Nessa época era moda ter um relógio de bolso, e muita gente trabalhava arduamente para comprar um, deve ter sido isso que aconteceu com o meu tio. O meu avô que tinha um sentido de humor apurado aproveitou logo a deixa para brincar com a situação e fez uns versos que ensinou ao meu (futuro) primo para dizer ao pai, rezavam assim:
"Ó Santinha de Vilar Chão,
Por quem dão tanto ai,
Deixas-te roubar o relógio
Ao tolo do meu pai."
A partir daí o meu avô contou esta história aos netos e bisnetos.
Parece que ainda o vejo a brincar com a situação.
Como o milagre não aconteceu a "santa" foi posta num quarto sem comer para terem a prova final em como era santa, se resistisse um mês seria considerada santa, o meu avô dizia que ela nem dez dias aguentou, a fome era tanta que gritava para que lhe dessem de comer.
Não sei o que aconteceu à senhora, já que esta história é verdadeira, mas acho que esta nem para um convento foi.
domingo, 10 de maio de 2009
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