segunda-feira, 11 de maio de 2009

MANUEL DO NASCIMENTO LOPES E ADÍLIA AUGUSTA LOPES


O nome do meu blog foi escolhido a pensar no meu saudoso avô Manuel do Nascimento Lopes. As histórias que ele nos contava, as aulas de História que ele nos dava. Esta é uma delas.

Sou do Norte, mais propriamente de Moncorvo, ora Vilar Chão é uma aldeia do Concelho de Alfândega da Fé onde pelos anos 1945 havia uma donzela que jurava a pés juntos que lhe tinha aparecido Nosso senhor Jesus Cristo, a tal ponto que para provar o que dizia apareceu com as costas das mãos e testa com uns sinais vermelhos parecidos com sangue. Esta aparição estaria relacionada com um caso de saúde do qual ela fora " milagrosamente curada" tratava-se, segundo o meu avô de varíola. Esta história espalhou-se como um rastilho por aquelas aldeias e vilas e não se falava de outra coisa. O meu avô que nunca acreditou em nada disso, de sublinhar que uns anos antes em 1917 tinha supostamente aparecido em Fátima nossa senhora aos pastorinhos, o ambiente de guerra que se vivia associado a uma forte crise financeira (até parece hoje) era propício a acontecimentos desta natureza.

Ora, a donzela de Vilar Chão começou a dizer que em determinado dia nosso Senhor Jesus Cristo lhe iria aparecer, e, portanto, ela podia provar o que dizia. Gente de todo o lado acorreu a Vilar-Chão. O meu avô dizia que lá na aldeia só tinha ficado ele e a minha avó. Devo lembrar que naquela época os meios de transporte eram os animais e as pernas, pelos menos por aquelas bandas.

No dia seguinte o meu avô foi inteirar-se do que se tinha passado e para tal foi a casa da filha e do genro. Quando lá chegou estavam todos apreensivos e aborrecidos, sinal de que algo não tinha corrido bem. Milagre nada, gente demais, a tal ponto que no meio da confusão os carteiristas roubaram o relógio de bolso ao meu (futuro) tio, seu genro, portanto. Nessa época era moda ter um relógio de bolso, e muita gente trabalhava arduamente para comprar um, deve ter sido isso que aconteceu com o meu tio. O meu avô que tinha um sentido de humor apurado aproveitou logo a deixa para brincar com a situação e fez uns versos que ensinou ao meu (futuro) primo para dizer ao pai, rezavam assim:

"Ó Santinha de Vilar Chão,

Por quem dão tanto ai,

Deixas-te roubar o relógio

Ao tolo do meu pai."

A partir daí o meu avô contou esta história aos netos e bisnetos.

Parece que ainda o vejo a brincar com a situação.

Como o milagre não aconteceu a "santa" foi posta num quarto sem comer para terem a prova final em como era santa, se resistisse um mês seria considerada santa, o meu avô dizia que ela nem dez dias aguentou, a fome era tanta que gritava para que lhe dessem de comer.

Não sei o que aconteceu à senhora, já que esta história é verdadeira, mas acho que esta nem para um convento foi.

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