quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

«QUANDO EU DISSER...»

Quando eu disser não ouças,
quando eu fizer não vejas;
e, se eu estender as mãos,
não me estendas as tuas.

Aceita que eu exista como nos sonhos
que ninguém sonha,
as imagens malditas que no espelho
são noite irreflectida.

Talvez que então
da pura solidão
eu desça à vida.

1953

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